Era um anel simples.
E, sabe... Talvez a simplicidade das coisas transpareça melhor nos
sentimos sinceros.
Mas foi tudo natural, como se eu o
tivesse conhecido há anos. Um segundo, uma palavra, e um turbilhão de
sentimentos passados em um único olhar. Para que as palavras? Se o coração diz
com gestos de amor e de carinho.
Fazemos planos, desiludimos a
tristeza, e de todas as vezes que as brigas e as discórdias bateram na porta,
dissemos que não tinha ninguém em casa. É preciso enfrentar nossos dragões –
dizia-me ele, olhando meus olhos com um sorriso de afeto. Um abraço, vários
batimentos no peito, olhos fechados enxergando a esperança que o mundo – nem
que seja de uma pessoa só – pode ser bom.
E celebramos a rotina, rotina de
inventar qualquer coisa nova para o hoje. Reinventar... – é, somos nós que
decidimos nossos caminhos. Dançamos na chuva, caminhamos por trilhas,
discutimos sobre como foi o nosso dia, fazemos as contas de como fazer o
dinheiro dar para o mês – temos que vender sua mãe, amor, não tem jeito –
brincava, quando tudo estava dando errado. Errado? Talvez “incerto”, pois o
errado pelo ângulo em que você o encara, é o ponto do recomeço.
Assistimos o pôr do Sol aquele dia.
Sua mão por cima do meu ombro, o grito do silêncio em sussurro no pé do ouvido,
o leve sopro da brisa que acariciava a nossa pele. Um beijo na testa, o calor
do amor que fumegava no frio do crepúsculo.
Uma poeira que se levanta. A cômoda enfeitada. O pano que ia e
vinha deslizando sobre a madeira negra com certa habili... Um brinco foi para o
chão. Se abaixa. Se cata. Se depara. Não é só um brinco, mas uma carta. Uma
carta. Dados de um exame. Hospital. Câncer em último estágio, ele estava me
deixando.
– Por quê? Acha justo me deixar assim? E os
nossos planos? E tudo que vivemos? Não são as fotos que me trará sua companhia,
não posso viver aqui neste mundo sozinha! E o que farei sem você? O que farei
sem teu amor? – as lágrimas despencaram como numa cascata, o sentimento de
vazio é tão cruel.
E na cama fui deixada. Naquele dia,
sem despedidas ao certo, o corpo frio não aquecia mais com a chama da saudade.
O funeral foi triste. Mas a dor mesmo se sente depois que todos se vão. Aí fica
você e a mais pura solidão. Depressão. Não há motivos para seguir,
principalmente quando do outro lado da cabeceira da mesa meus olhos não miram
em você, quando no sofá não tem ninguém futricando no controle, quando nas
contas do fim do mês não tem ninguém para me dizer que “vai dar certo”. Porque
eu sei que não vai dar. Sem você aqui, não dá. Há solidão, a tristeza bateu na
porta e eu a deixei entrar.
O tempo passa. As dores... Nem
sempre. As bebidas não substituem o seu abraço e o conforto de estar ao teu
lado. Poxa, Vida, a distância entre a felicidade e a tristeza é dada por quanto
quem nós amamos se afasta de nós.
por J. Michael P.
crédito de imagem: freeimages.com
Muito top 😎
ResponderExcluirMuito obrigado! Ficamos imensamente felizes ao saber que vocês leitores gostam dos nossos "attormentos".. digo, textos..
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