Freei. Abri os braços. Ela disse algo que não entendi. Abri a viseira, como se fosse ajudar a ouvir melhor. Ela repetiu, enquanto eu fazia cara de que não entendia nada.
Ela me disse que me confundiu. Pensou que era alguém que ela gostava. Continuei sem entender, mas o fofoqueiro que me habita em mim quis saber mais.
Ela continuou dizendo que havia discutido com o namorado, e no calor do momento ambos tinham terminado. Eu quis saber mais. Um bom fofoqueiro não gosta da fofoca pela metade.
Ela falou que por uma briga boba ambos disseram coisas que iriam se arrepender depois. Disse que não duvida do tanto que se gostam, mas que o coração tem dessas: adora machucar sem querer quem a gente ama. E eu, "anh, fala mais da treta".
Ela, sem jeito, me pediu desculpas, que queria para-lo naquela moto o mais rápido possível e dizer que o ama. Queria parar ele naquele segundo em que o motor entrou em combustão e beijá-lo. Abraçá-lo com a força do coração. No fundo ela sabe que por trás daquelas palavras de amargura, o sentimento que se fosse água iria transbordar dentro de si. E eu pensava: "e a treta, cadê? É só isso o bafão?"
Ela saiu da frente da moto. Eu a desculpei. Mas antes de partir, ouvi o celular dela tocando.
Após o "oi", ela derreteria em lágrima.
As últimas palavras que ela disse ao motoqueiro que ela tanto amava não foi "eu te amo". Ele havia sofrido um acidente fatal.
Nunca mais a vi.
pot J. Michael P.
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