17/08/2018

No Dia Do Casamento



A igreja estava bela. 

Com todos aqueles enfeites, o carpete vermelho com pétalas de rosas, flashes de luz disparados por curiosos de todos os lados, loucos para a festa, (claro!), porque ninguém que vai a um casamento quer saber precisamente do casamento, e sim da festa (mais precisamente dos comes e bebes).

“Que vestido feio dessa noiva!”­

 – está linda, amiga!

Gorda”.

O buquê pronto para dar no pé a qualquer momento estava sendo estrangulado em praça pública. Digo, na igreja. A ansiosa noiva apertava tanto o talo do buquê que ele já estava vermelho – e não era porque era de rosas vermelhas, não, não, – era, acima de tudo, que ele sabia que iria ser jogado para cima para cair nas mãos de umas malucas encalhadas.

A mãe do noivo, com orgulho: "Meu bebê! Finalmente".

Centenas de convidados, dezenas de padrinhos e testemunhas, e um noivo completamente descontente com a Política de Privacidade do Casamento. As cláusulas só podiam estar erradas. Não podia ser! Ele até amava sua futura esposa, mas não aceitava de forma alguma os Termos de Uso. "Até que a morte vos separe"? Isso parecia muito tempo. E que história é essa de se entregar para uma única mulher para o resto da sua vida? Esse Programa de Fidelidade não está com nada! Amor.. Amor... Que sejamos felizes até a assinatura do divórcio.

O pai da noiva: "que horas isso acaba?"

--- Eu, Juscelino de Andrade, recebo-te por minha esposa a ti Marinalva Garcia de Jesus, e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te – “mas se vir com aquelas joeiras da TPM já falo que vai ter briga” –... Na alegria e na tristeza... – “na tristeza? Mari, você sabe o quanto você fica chata quando está triste? Ninguém te aguenta não, minha fia!”... – Na saúde e na doença – “mas já vou falando se a doença for grave já era, perdeu!” –... todos os dias da nossa vida, até que a morte nos separe – “... humm... Isso parece tempo demais.”

O padrinho: "Nossa, tô numa fome."

Eu, Marinalva Garcia de Jesus, recebo-te por meu esposo a ti Juscelino de Andrade, e prometo ser-te fiel – “mas brocha pra você ver” – amar-te e respeitar-te – “anota aí: se fizer uma das 123 coisas que me irritam corto sua cabeça fora, e não vai ser a grudada em seu pescoço” – na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza – “mas andar de buzão não dá, não, né? Me desculpe” –, todos os dias da nossa vida até que a morte nos separe – e me deixe com um seguro de vida gordo!

Pode beijar a noiva – disse o padre pensando, “ainda não vi ninguém colocando o dinheiro do dízimo na caixinha...”


por J. Michael P.

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