A Mãe da Garota

Uh-hum..., limpei a garganta o melhor possível.

Não queria nem imaginar que a minha voz fina e as cordas vocais trêmulas indicassem meu nervosismo naquela situação. É a primeira impressão que fica, não é? E como eu não sou uma impressora, não tenho duas chances.

A mãe dela lembrava muito os traços da garota. Contornos que o tempo vai consumindo e dando o ar de experiência. Mas não leia errado. O Tempo foi generoso, e ainda a deixou mais bonita que outrora.

E dia a pós dia fui me aproximando... um bom dia ali, uma ajudinha aqui, umas piadas lá, um "eu concordo" ou "a senhora tá certa", foram passos para se aproximar da fera. 

Ela ainda não estava pronta, eu sabia disso. Dar um chocolate no dia anterior não adiantou nada. Mas sua filha me dá trabalho!

- Eu sou inocente. Mas sua filha - essa sim, é a culpada. Quis porque quis que eu viesse para assumir esse namoro. Sou completamente inocente. Onde já se viu essa garota sair com os cabelos ao vento, com o vestido florido, esbanjando sorriso para mim? Ela não tem juízo. Eu sei que a senhora se empenhou na educação da sua filha, mas ela chegar de mansinho e roubar meu coração é indesculpável. Por isso, e somente por isso, eu tenho pensado e pensando cheguei na melhor conclusão: que sua filha merece um castigo, e ter minha mãe como sogra é a melhor punição.

por J. Michael P.