19/01/2021

Suicídio

 

Assim, do nada, como as ondas que avançam pela praia e volta acariciando a areia. Ela vem às vezes sem motivo, outrora com todos os motivos em seus dedos. Ela me abraça e eu deito minha mente no mar de tristeza.

De fato não queria, mas o GPS não ensina voltar das decepções e erros cometidos, das saudades e do tempo perdido, das coisas fúteis e deixados de lado. Arrependimentos. Saudades. Sonhos perdidos.

Já não penso mais no "se"; "se" tivesse feito diferente, "se" aquilo, "se" aquilo outro. Penso no recomeço, mesmo sem acreditar em reencarnação, penso no reset, em desistir de tudo.

Sinto-me cansada: das conversas vazias, das piadas repetidas, das pessoas entediantes, do estresse do dia, das lamentações de todos e das minhas. Cansada de ver que nada dá certo, e quando dá, não durar por muito tempo. 

Só queria  fazer a voz na minha cabeça parar de falar tanta coisa ruim sobre mim. Deste sentimento de tristeza que me corrói, aos poucos, desta amargura no meu sorriso, desta máscara no meu rosto para fingir que está tudo bem. E não  está nada bem.

Só queria o fim.


por J. Michael P.

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