25/07/2017

Sexo


 

Isso não é um teto, é um desabafo, uma posição, uma confissão.

Em um xaveco descontraído perguntou-me sem delongas se eu estava disposto a fazer sexo, aqueles, casuais, sem compromisso. Estranhei. É “zoas” isso, não é? Não era. O papo seguiu e detinha doses severas de verdade. Então, por mais que proposta fosse tentadora, a negociante sensual, neguei. Neguei e negaria de novo. Agradeci o convite, dei-lhe boa sorte e seguimos nossas vidas.

A questão não é o sexo, é a forma. Sofro de uma doença crônica chamada Romantismo, e relacionamentos casuais é um veneno para mim. Preciso falar que amo, mandar flores, fazer surpresas, traçar planos, dividir as dores, crescer junto, envelhecer junto, enfrentar os problemas junto. Necessito de dar carinho, o beijo, mostrar que meu abraço é seu lar, ser cúmplice de sonhos, sorrisos, olhares, de lealdade, de fidelidade. De demonstrar sentimento.

É, eu sei, nesse século isso é esquecido, esquisito. Loucura.

Acontece que sexo por fazer cansa. Coisas fáceis são sempre assim, enjoativo. Tem prazer? Dependendo da pessoa, sim. Mas logo bate o vazio, o sentimento de não pertencer a ninguém.

Sexo por fazer é moda. E como a moda, passa rápido. Curtiu? Dependendo de quem for seu parceiro, curte sim. Mas logo isso passa, o prazer instantâneo, a cama de outrem.

Isso não é uma crítica aos adeptos do sexo casual. Muito pelo contrário. Só considero que sexo por sexo é preencher o vazio com outro vazio.

Mas isso não é um texto, é um desabafo, uma posição, uma confissão.


por J. Michael P.

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