Atimia, o que é isso?

   

    Foi numa tarde, ou talvez fosse durante a manhã de um dia comum ao resto da semana... Ou foi à noite? Não sei. Na verdade, coisas ruins não precisam de datas marcadas para serem anotadas... Nem para serem lembradas. Compreendo, porém, que foi depois de muita pesquisa que descobri que eu tinha Atimia. 

   Não é uma coisa comum e nem mesmo na Internet ela costuma ser falada (pode pesquisar no Google se quiser). Mas para quem não sabe, Atimia significa ausência de sentimentos. Mas isso não significa que sou igual um computador, processando somente informações. Sou uma pessoa normal, como qualquer outra, trato as outras com cordialidade e respeito, entretanto não sou capaz de sentir nada por ninguém. A causa desse distúrbio é um traço acentuado da esquizofrenia ou “traumas” da infância. A cura talvez seja mais complicada que isso, talvez algum terapeuta ajude a entendê-la e a convive-la somente.

   

   Para se ter uma ideia, imagine que você está em um museu de arte sentado numa cadeira em frente a um quadro qualquer. É isso que a vida é para um atímico. Os sentimentos podem ser processados, dificilmente serão sentidos. Coisas “boas” ou “ruins” não são capazes de nos afetar. Não tenho vontade de abraçar, não sinto nada além do calor – e se tiver suado também – de um corpo. Gostaria de dizer que o beijo tem sabor assim, faz sim e mexe com as sensações desse jeito. Mas não consigo dizer, pois não sinto nada. O sexo não faz sentido, não há o que chamam de “prazer”. E como você reagiria se seu(ua) companheiro(a) dissesse que beijar você e uma parede é quase a mesma coisa? A diferença de você estar aqui ou não é somente a questão de “presença”. Não dá para se importar com as pessoas ao nosso arredor, temos, porém, um vínculo com elas, mas creio que não é a mesma coisa que sentir algo por elas.

   Não é fácil. E parece ser bom sentir alguma coisa por outra pessoa ou com o nosso redor, se importar com a morte de alguém, ter noção de sentimento, de sentir estar vivo. É verdade que cada pessoa é diferente uma das outras, mas será que estamos preparados para conviver com as diferenças?


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 por J. Michael P.