21/01/2017

Resenha: Helena - Machado de Assis



Contexto:

  Helena foi publicada em 1876, período em que o movimento Romantismo consistia. Escrita na terceira pessoa, com narrador onisciente de uma forma que apenas Machado consegue como ninguém, conta história de uma típica família do século XIX e sua trama recheada de mistérios.



Resumo:

  Após a morte do Conselheiro Vale, em carta póstuma este deixa parte da sua herança para uma filha desconhecida por seu filho Estácio e sua tia, Dona Úrsula. Eis que entra no enredo Helena, uma moça “exemplar”, mas que guardava em seu passado um grande mistério.

  Dona Úrsula não gosta da menina a primeiro momento, uma moça distanciada e praticamente desconhecida da família a assustava. Estácio, por sua vez, se encantou com a forma delicada, dedicada, íntegra e inteligente da nova irmã, que logo conquista a tia após cuidá-la com afinco quando ficara doente.

  Estácio, sem intenções políticas e de casamento, é encaminhado a um romance com a filha do amigo do seu falecido pai. Helena e o Padre, figura que serve como um filósofo e mentor culto da obra o indicam para fazer tais ações...

  Mas os mistérios de Helena chegam aos ouvidos de Estácio logo após o descontentamento de um louco – no bom sentido – romance com seu amigo, Mendonça, por ciúme amoroso de sua irmã... Estácio decide ir a fundo sobre o misterioso passado de Helena. E este passa a ser o estopim para o derradeiro da família.

  Estácio e o Padre descobrem que Helena não é filha de sangue do Conselheiro. O pai de Helena fugido com a mãe da mesma para o Rio de Janeiro, após os pais dos mesmos irem contra o relacionamento de ambos, passaram muitas necessidades, até que o avô de Helena chama seu filho para o perdão. Ao recebê-lo e descobrir que não restou nada de sua herança, ao regressar para o Rio, o pai de Helena se depara com sua esposa envolvida com o Conselheiro, e este adotara sua filha, o que envenena com mar de ódio.

  Helena e o pai, após a morte de sua mãe, decidem apenas se encontrar as escondidas, uma vez que a pobreza impedia a família de sangue se unir. O Conselheiro mandou Helena para o colégio interno qual permanecia até a morte deste, o que não impediu o amor paterno de ficar longe da filha.

  A protagonista Helena fica muito atordoada com as mentiras que vieram à tona. Estácio e D. Úrsula, que mesmo sabendo que Helena não era da família cedem à herança para ela. O pai de Helena decide afastar-se em definitivo, o que piora a situação, culminando no falecimento de Helena.



Minha opinião:

  Para quem é apaixonado no estilo Realista de Machado de Assis, Helena causa certo estranhamento. Mas isso é explicável. Machado viveu no período de transição do Romantismo para o Realismo, e a obra, escrita em 1876 de caráter Romântico, faz com que marcas excepcionais do autor não apareçam. A escassez de frases filosóficas, o jogo de palavras, a “podridão do homem”, o estilo Realista que consagrou Machado é a causa do livro ser alvo de críticas modernas ruins.

  Destacado isso, Helena continua sendo indicado para todos os leitores fãs de Machado de Assis, pois o mesmo não deixa em nenhum momento o enredo cair, consegue segurar o mistério, um pouco das suas características que aos poucos se afloram para mais adiante, no Realismo, chamar de fase “madura” do autor.




Minha nota de 0 a 10 sem comparar outros movimentos e livros: 
7,8    


por J. Michael P.

Nenhum comentário:

Postar um comentário